Portugal mudou com a crise e as agências de recrutamento nacionais acompanharam, inevitavelmente, esse processo.

Desde sempre que os portugueses procuraram além fronteiras por melhores condições de trabalho e de vida, notando-se ainda hoje esse movimento. Está no nosso ADN descobrir o mundo.

Fruto da crise destes últimos anos, vimos sair de Portugal grande parte dos nossos ativos mais qualificados, deixando as empresas em grandes dificuldades para preencher e renovar os seus quadros. E quem sai, mais facilmente pretende fazer carreira lá fora, do que voltar. A nossa formação académica também nos coloca como “preferenciais” no mercado externo.

Por esse motivo, já algum tempo que o impacto das agências de recrutamento estrangeiras no recrutamento interno se faz sentir junto das agências nacionais, colocando-as ainda sobre maior pressão e a terem de lidar com maiores desafios – para além da falta de candidatos para as ofertas de emprego – como a necessidade de flexibilizar os seus processos de recrutamento e ajustarem-se ao mercado concorrencial.

A mobilidade laboral é sem dúvida um fator chave na Europa e esta tem vindo a disponibilizar instrumentos que facilitam o trabalho das agências de recrutamento, como seja o Portal Europeu da Mobilidade dos Trabalhadores, a EURES – Rede Europeia de Emprego -, ou a Eurofound – Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho -. Em todas elas encontramos informação pormenorizada de apoio às empresas que pretendem integrar pessoas, documentação variada de apoio e acesso a bases de candidatos. Contudo, o retorno ainda não é suficiente face à procura do mercado.

Para se tornarem mais atrativas, as agências nacionais oferecem aos candidatos “pacotes” com determinados benefícios que estes não teriam caso respondessem diretamente às ofertas das empresas estrangeiras, como por exemplo voos gratuitos, alojamento a custo mais baixo ou igualmente gratuito, transporte, formação, seguro de saúde entre outros.

Para os candidatos, estarem inseridos em processos de recrutamento internacional liderados por uma agência de recrutamento nacional é muito mais vantajoso. Além dos riscos a nível pessoal, de irem sem conhecer a empresa onde vão trabalhar, existem questões legais a ter em conta, uma vez que trabalhar fora do país pode não isentar o trabalhador de obrigações perante as autoridades tributárias portuguesas. Por exemplo o critério relevante do IRS é o da residência fiscal. É nestas questões que as agências de recrutamento se revelam uma mais valia, dando aconselhamento e prestando apoio de integração com informação relevante sobre todas as questões de interesse do país que os acolhe. As agências de recrutamento nacionais têm a oportunidade de aproveitar a diáspora como alavanca do estabelecimento de parcerias estratégicas com empresas globais, liderando processos atrativos e posicionando-se como referência no recrutamento.

Se ainda hoje “trabalhar no estrangeiro” é o sonho de muitos jovens que terminam a sua formação académica, trabalhar o mercado global é a melhor resposta a dar a este público.

É esta vantagem competitiva que nos mantêm um passo à frente dos concorrentes.

in Revista Human Premium, Dezembro 2018

 

Tânia Ferreira

Gestora de Cliente

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