Célia Agostinho, ‘human resources commercial manager’ do Grupo Intelac, faz também notar que o contexto de pandemia alterou significativamente a condução dos processos de seleção para um formato ‘on-line’, com a consequente perda da interação presencial. Conforme explica, «os processos de recrutamento atuais (salvo raras exceções) são tratados de forma digital, o que para certas funções, nomeadamente as menos qualificadas em que os candidatos possuem um conhecimento mais limitado a este nível, se torna mais complexo, mas não é impossível». A responsável explica que «aquando dos processos de seleção, e conforme as funções, as ferramentas utilizadas deverão estar de acordo com o respetivo perfil». Mais: «As entrevistas por videoconferência vieram para ficar, e se em casos de perfis na área administrativa ou com maior literacia neste âmbito será algo básico, já nas camadas com maior limitação as redes sociais (Facebook ou WhatsApp) que permitem videochamadas são uma opção facilitadora desta interação», refere Célia Agostinho, para quem «as práticas adquiridas no período de pandemia vieram para nos acompanhar no futuro; o ‘on-line’ facilita o trabalho de quem recruta e de quem é recrutado, evita não só os custos de deslocação para o entrevistado mas também permite uma maior flexibilidade de horários para as partes envolvidas». Considera ainda que «atualmente, e cada vez mais, os candidatos estão menos disponíveis para entrevistas presenciais, não só pelas deslocações implícitas mas também pelo facto de ainda estarmos em pandemia e haver algum receio inerente ao presencial».

A responsável refere ainda as necessidades de recrutamento por parte do tecido empresarial, destacando que nos últimos meses tem havido um aumento considerável de pedidos para muitas áreas, nomeadamente (mas não exclusivamente) no âmbito de construção civil, com perfis cada vez mais difíceis de identificar. «O mercado está muito dinâmico e basta um atraso dos decisores para que se perca candidatos e tenhamos que reiniciar os processos. As empresas solicitam de forma gradual cada vez mais recrutamentos, contudo o tempo de análise, o amadurecimento e a decisão fazem com que os candidatos integrem outros processos e tenhamos que reiniciar tudo, o que não abona nenhum dos intervenientes.» Já no que concerne a candidatos, «tem existido uma dificuldade crescente de identificação de perfis e colocação dos mesmos, sendo que em camadas menos qualificadas vemos grande rotatividade, até porque o mercado tem facilidade em absorver estes perfis; já nos candidatos mais qualificados que estão colocados, constata-se uma maior resistência à mudança, o receio do que o futuro possa proporcionar, pois o que a pandemia trouxe foi algo que não era expectável e que levou a um alto nível de desemprego numa fase inicial».

in Revista Human, Setembro/Outubro 2021

 

Célia Agostinho

RH Commercial Manager

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